É
chegado o tempo das palavras ditas
os
senhores de sempre pedem seu camarote para mais um giro da história.
Que
alívio! Já nem é preciso fingir que suporto o primo bicha, a preta vereadora e
essas mocinhas atrevidas a dizer incongruências.
Por
favor, lavem as ruas depois do massacre. Não quero saber que sujei as mãos.
É
chegado de novo o tempo dos ódios rasgados
e
sabíamos que viria porque nada é mais pontual
que
a raiva de quem tem tudo.
Mas
não nos culpemos tanto se nos distraímos
a
esperança de outros jeitos é mesmo matéria nossa.
É
chegado o tempo
e
nada a fazer,
exceto
tudo.
Enfrentar
as palavras até que façam sentido
Enfrentar
os sentidos até que não se percam em palavras
Acreditar,
acreditar, até esgarçar o tecido do sonho.
Cozer
com os fios desconexos do possível.
Esses
fiapos embolados e tenazes do abraço cotidiano
e da
mão dada que nem vejo de onde.
A
trama da utopia é persistente:
cede, mas não se
desfaz.