O irmão que inventei para mim caminha cuidadosamente ao meu
lado
ombro a ombro, braço dado
como se desde o ventre do qual não nascemos, nunca nos
tivessem separado.
A irmã que criei para mim é irmã de verso, rima e carta
e, nesse vai e vem de palavra de lágrima
trocamos mesmo o sentido do gene comum que nos falta.
A mãe que sonhei para mim, pintei nas cores das mães todas
que me adotaram,
e hoje, em uma onírica e segura distância, ela entoa cantigas,
e balança um berço no qual nunca me colocaram,
enquanto o pai que forjei dos pais vários, partidos, que
encontrei
vela meu sono com atenta e cega constância.
Assim sigo a sina
de encontrar tias e fazer primas
e plantar folhas e colher raízes,
inventando a família que jamais tive
como pincel que em suave deslize
desenha o que o olho nunca viu.
(o amor, esse até um dia existiu,
mas, talvez por real demais, como veio, partiu
talvez apareça um dia para o chá
ou para saber da família)
Mariana Imbelloni Braga
Agosto de 2013
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